Austrália x Brasil: Direito das mulheres

Os uniformes australianos são como os de filmes, as meninas de saia e os meninos de gravata. Confesso que a saia do meu uniforme aqui deve ser a saia mais curta que já usei na minha vida ( e ainda é comprida perto do jeito que algumas meninas usam). Como nós voltamos para casa depois da aula? A pé, de ônibus ou de metro.
Este final de semana saímos para jantar, eu e algumas amigas do colégio. Estava calor, todas estávamos de vestido ou shorts e regata. Roupas apropriadas para uma noite de verão. Fomos para o centro da cidade, saímos de lá 9:30, já estava escuro, mesmo assim voltamos de metro. Estávamos a algumas quadra da estação, no caminho passamos por vários bares e baladas. Andamos até lá a pé, sozinhas. Chegamos lá, esperamos 10 minutos pelo metro, os trilhos estavam em manutenção, então paramos algumas estações antes. O grupo de dividiu, cada uma fazendo seu caminho para casa. Eu e mais quatro meninas teríamos que pegar um ônibus. Ficamos por mais alguns minutos esperando em um  ponto escuro. Algumas outras pessoas estavam esperando por lá também, incluindo alguns grupos de meninos, alguns até meio bêbados. O ônibus chegou e fomos para a estação perto de casa, estava chovendo a mãe de uma das minhas amigas foi nos buscar e deixar cada uma em casa. Durante todo esse trajeto ninguém mexeu com a gente, nem pelas roupas, nem por ser um grupo de meninas sozinhas no centro da cidade.
Meu comentário com uma das meninas no fim da noite: “nós nunca poderíamos ter feito isso no Brasil.” Então ela perguntou, mas vocês não vivem fazendo festas, festas que vão até super tarde? Se vocês só podem dirigir com 18 anos como voltam para casa? Pois é, temos que acordar nossos pais, fazer eles dirigirem até o lugar, tanto para ir como para voltar.
No Brasil já levei “cantadas” voltando do colégio com jeans em camiseta, não iria de vestido se tivesse que chegar lá de metro e muito menos voltaria a pé/ônibus/metro depois que escureceu.

Tenho visto muito sobre esse tema no Facebook de amigos brasileiros, nada no dos Australianos, simplesmente por que aqui elas tem essa tranquilidade que estamos tentando conseguir no Brasil. Minha hostmom, ou as mães das meninas, e até nós mesmas, não estávamos nem um pouco preocupada em voltar para casa a noite.  Fui pesquisar um pouquinho mais para entender sobre o movimento e me assustei ao ver homens falando “se você não pode sair com o celular para fora da bolsa para não chamar atenção de ladrão, porque não pode esconder seu corpo para não chamar atenção de estupradores?” ou até mesmo  “As mulheres que tem que tomar cuidado, não tem como mudar o homem.” Isso é desumano. Se não tem como mudar o homem, me expliquem todos os seres humanos do sexo masculino que passamos em frente ontem e nos trataram com respeito, expliquem a liberdade que tivemos para andar sozinha por uma cidade grande. Esse tipo de comentário é um atraso para o Brasil. Temos problemas na política? Sim temos, mas não adianta mudar eles e continuar com uma população de ignorantes e delinquentes.

Yasmin Graeml criou o Qualquer Latitude em 2013 durante um intercâmbio de High School na Austrália, jornalista e apaixonada por contar histórias adora dar conselhos de viagem e preparar roteiros para os leitores do blog!